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Caindo em queda livre!

Os olhos lacrimejam, a boca treme, o corpo arrepia, a barriga dói, mas não tão aguda como o peito. Suo frio, perco o ar… Choro e choro muito. Permito-me desaguar em mim, além de mim e por mim nas minhas mais variadas versões.

Choro no agora pela menina do passado que nunca se sentiu pertencente a nada e que sempre se viu inquieta sem saber o motivo. Você sempre esteve em contato com a sua intuição, só não sabia nomear esse sentimento.

Choro no agora pela menina que de modo tão abrupto teve que viver 20 anos em 1 (tudo isso ali pelos 10 anos de idade). Eu liberto você pra viver sua infância do modo mais lúdico possível!

Choro no agora pela menina que cresceu acreditando que chorar era sua maior fraqueza, não sua cura.  Desejo uma represa de lágrimas pra você e pra minha versão de hoje.

Choro no agora por mim e por tantas mulheres que vieram antes, dentro e fora da minha linhagem ancestral, e que não puderam cair em queda livre, olhar para si, pensar sobre si e transbordar.  Honrar o espírito sagrado de vocês tem me curado.

Choro por horas o que não chorei em anos. Choro e me entrego aos abismos que habitam em mim. Converso com eles, admiro, observo e compreendo os mapas dessa trajetória até aqui.

Nesse momento, entendo que “Toda vez que trago a fortaleza como ferramenta, tiro a possibilidade de chorar, de reconhecer que não dou conta. Mas, para dar conta, precisa ter alguém ao lado apoiando.” (Maria Sylvia A. de Oliveira, Presidente do Geledés).

Nesse meu encontro comigo e com o cânion que há em mim, passo a analisar o percurso que me trouxe até aqui… Passo a entender que a liberdade para transbordar é algo novo para mim e para nós, tão reprimidas e privadas de tudo. Analiso o passado ancestral na busca por mim, por minhas antecessoras, pela minha versão no futuro. Ouço a suas súplicas, suas falas, suas angústias.

Prometo libertá-las. As minhas e as delas.

Por Amanda Alves Rodrigues

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