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Banho de lua em Buenos Aires

Acordamos e o dia estava lindo, calor, muito calor. Nos preparamos para caminhar e desbravar a cidade. San Telmo, Recoleta, Palermo todos esses cantinhos de Buenos me encantam. Como tínhamos mais sete dias pela frente resolvemos aproveitar a viagem no nosso tempo, sem pressa. Meu processo de reconhecer a cidade de outra forma deveria ser assim, com calma, ela já estava se mostrando especial, por isso queria aproveitar e curtir cada momento. Desde ir até ao supermercado para comprar comida, escolher tudo com calma, até decidir o que fazer na virada do ano. Apenas sabíamos que tomaríamos um trago, onde? Ainda não havíamos decidido.

Roma ainda estava muito latente em mim, em menos de um mês eu já tinha ido para dois países e ainda faltava conhecer mais um para encerrar a trip, o Chile, país que decidi conhecer por causa da Violeta Parra. Fazia muito calor, e no prédio da irmã da Carol havia uma piscina enorme para os moradores poderem se refrescar. Após uma caminhada pela cidade, decido tomar um banho noturno de piscina, deixar as ideias fluírem e me perceber. Desde os tempos mais remotos, os seres humanos têm recorrido aos banhos em suas diferentes formas como meio de tratamento natural de várias doenças. Na Roma antiga, cujas ruínas fazem testemunhar o legado deixado pelos povos antigos, existem estações termais, construídas com a finalidade terapêutica. Da mesma forma, os índios da América Central e do Norte, também usavam os banhos curativos como terapêutica natural e os resultados foram guardados em desenhos impressos nas paredes de pedras astecas.

A água é um elemento da natureza que simboliza a versatilidade da vida. É o único elemento que pode se transmutar nos estados líquido, gasoso e sólido. Devido ao poder mágico de ser pura e depuradora, a água é considerada um removedor de energias causadoras dos bloqueios e também da purificação espiritual. E foi isso o que eu fiz, desci para a piscina, entrei na água e lá fiquei um bom tempo, imersa, refletindo, deixando os pensamentos fluírem, de certa forma, me purificando. O ano estava acabando e eu só queria parar e perceber as mudanças que aquele ano tinha me proporcionado e mentalizar o novo que chegava. Acredito que independe de onde se comemora a virada do ano, quando se está ciente do que fez e do que quer fazer dali para frente para ele ser melhor.

Boiando na água admirando a lua e aquele céu estrelado, só desejei estar ali, comigo, presente, consciente.


 Por Gabi Oliveira

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