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As várias faces da violência

Ultimamente, temos trazido para o blog o tema da violência contra a mulher devido ao fato de estar sendo muito frequente os casos de feminicídio. Estou lendo o livro Gênero e resistência: memórias do II encontro de pesquisa sobre mulheres frente ao descaso e à invisibilização de tantos sujeitos – ou sujeitas – excluídos de garantias e de cidadania, resultado do evento realizado nos dias 18 e 19 de junho de 2018 em Curitiba, na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Esses artigos me remeteram à violência não restrita apenas ao âmbito familiar, mas, sim, a ligada às instituições, como hospitais, por exemplo. Esses locais, que deveriam transmitir segurança e apoio, muitas vezes negligenciam isso, tornando a vida da mulher um suplício e apresentando uma realidade que por fugir ao nosso contexto não é pensada.

A seguir, dou alguns exemplos facilmente encontrados de violência contra a mulher. Um grande número de mulheres que constitui família em outro país, após o período de paixão, passa a lidar com um homem totalmente desconhecido e violento que as leva a retornar para seu país de origem com os filhos, para evitar um convívio que pode acarretar danos ao desenvolvimento da criança, o que é considerado um sequestro.

No sistema carcerário, é perceptível o quanto o caráter misógino se apresenta, punindo a mulher por ter agido contra a lei e por ter rompido com os padrões sociais regidos por uma sociedade machista. O afastamento da família e o abandono do marido são algumas das mazelas que a mulher prisioneira enfrenta, além de se encontrarem num local que fora planejado para receber homens, que são a maioria, e não tem condições básicas de saúde.

Foi preciso uma jovem de 28 anos, negra, de classe econômica baixa, morrer para ocorrer mudanças na legislação brasileira sobre a violência obstétrica. Alyne Pimentel, grávida de 6 meses, buscava ajuda no hospital do estado do Rio de Janeiro e veio a morrer por negligência do hospital. Quantas mulheres passaram por casos assim por não terem a quem recorrer para buscar seus direitos ou quem as orientasse, em situação de fragilidade, com dores, receio de deixar outros filhos, resultando em sua morte?

Esses exemplos são para mostrar o quanto ainda somos negligenciadas, silenciadas, numa sociedade que tem a violência como o ponto máximo de desumanização das mulheres, que pode ser percebida nas diversas esferas da sociedade. Há ainda o pensamento de que o homem, além de deter o poder, lhe é outorgado o pleno direito sobre as mulheres, e infelizmente existem mulheres que se submetem a esse padrão e se renunciam, mantendo-se reclusas a um convívio de renúncia de si mesma.

Ótima semana!

Rosane Machado

Mestranda em Estudo sobre as Mulheres, Gênero e Cidadania pela UAB de Portugal.

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