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As mulheres no mundo dos esportes

Marlene Neves Strey

Em junho se celebra a Copa do Mundo. As Rádios, Televisões, Jornais, Internet e todo mundo fala disso. Pelo menos no Brasil. Mas não só no Brasil. Basta dar uma olhada em Canais televisivos de outros lugares do mundo para que a gente se dê conta disso. Trata-se de um evento ao qual é dado muita importância. As imagens que mostram isso são muitas e variadas, mas uma figura é sempre central: um jogador de futebol, um centroavante, um zagueiro, um goleiro e por aí vai. Tudo no masculino. A Copa do mundo é um fenômeno mundial eminentemente masculino.

O mundo do esportes em geral ainda é um reduto masculino por excelência, embora as mulheres estejam fazendo suas marcas em todos os setores esportivos. Inclusive, estive assistindo a uma partida de futebol europeia sendo narrada, na televisão, por uma mulher. Foi algo impactante e até inesperado apesar da incessante invasão feminina em tudo o que até bem pouco tempo atrás era sagradamente masculino. Ouvindo os outros comentaristas após o jogo, apenas escutei elogios e tapinhas simbólicos nas costas da narradora. Igualzinho como se faz com as crianças para incentivá-las a seguir adiante. Isso mostra a novidade do procedimento.

As mulheres realmente estão ousando entrar em qualquer lugar, mesmo os que antes lhes eram vedados. Mas, qual é a reação que encontramos frente a isso? Entrevistas realizadas por mestrandas e doutorandas que estudaram esse fenômeno mostram que os obstáculos são muitos, as pressões insuportáveis para muitas. Desde a proibição expressa por parte de algumas famílias, que se sentem indignadas quando suas filhas se decidem pela prática esportiva, já que consideram que isso irá minar sua feminilidade, por em perigo sua capacidade reprodutiva. Mas, não apenas as famílias pressionam contra, mas, praticamente todas as instiuições sociais. Obviamente existem muitas formas de pressão, nem todas claramente visíveis. Os meios de comunicação, por exemplo. Muitas e muitas reportagens tocam apenas superficialmente na capacidade técnica da esportista e muito em seus atributos físicos, sua feminilidade, sua beleza. A mídia, não podemos esquecer, dissemina papéis, padrões, modelos, estereótipos relacionados à feminilidade e à masculinidade. Também não podemos esquecer que essa influência é cotidiana e insistente, principalmente nestes tempos atuais, em que praticamente existe pelo menos um televisor em cada casa, humilde ou opulenta. A televisão, a Internet fazem parte da realidade das pessoas desde a mais tenra infância.

As crianças mergulham profundamente nos conceitos transmitidos de maneira lúdica, divertida e agradável. Essa é a realidade e ela não costuma ser contestada. Para ser questionada, é necessário fazer um esforço, sair da acomodação. E quem propicia isso às crianças? Algumas têm sorte e conseguem isso na própria família, outras, na escola. Essa desacomodação é muito importante de ser propiciada já desde os primeiros anos da infância, pois daí sairão os mapas de navegação de que farão uso ao longo da vida como diz Solange Ketzer.  Aquilo que se aprende na infância cala fundo. Se as crianças, meninas e meninos, aprenderem cedo que esporte é uma atividade humana e não uma atividade apenas para um gênero, quem sabe um dia teremos Copas do Mundo masculinas e femininas com a mesma importância. Times de mulheres e de homens com patrocínios semelhantes. Números de páginas nos jornais e espaços na televisão parecidos. E, talvez, até cheguemos um dia aos times mistos. Quem sabe…

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