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As mulheres muçulmanas precisam de salvação?

Obtive um olhar diferenciado ao ler um texto referente às mulheres muçulmanas, em que ficou claro que, apesar de não serem emancipadas, muitas convivem confortavelmente com o uso da burca. A impressão ao vê-las com o rosto e corpo sempre cobertos, mesmo no calor intenso, era de que estavam em sofrimento por não poderem vestir uma blusa de alça ou um biquíni para entrar ao mar. Na verdade, essa é uma realidade de quem não aceita as diferenças ou busca uma compreensão relativa às outras culturas.

A autora Lila Abu-Lughod salienta que, mesmo quando as mulheres do Talibã tiveram a liberdade de deixar a burca, pois foram liberadas pelo Afeganistão, elas mantiveram. O uso dessa cobertura, segundo a autora, marca a divisão simbólica entre homens e mulheres, diferenciando-as das demais e as incluindo na categoria de mulheres com família e casa. Assim, as mulheres do Talibã asseguram proteção do meio público com suas vestimentas, desmistificando que seu uso estaria associado à falta de liberdade.

Entretanto, existe um grupo de feministas islâmicas que são contrárias às leis por serem oriundas de uma mentalidade machista e patriarcal. Essas mulheres tentam ingressar em cargos jurídicos para reivindicar emancipação. Acredito que a situação do patriarcado e sua influência global ainda persiste com forte marca machista, apesar de o movimento feminista empreender uma conscientização no sentido contrário.

O que fica claro é que as mulheres podem e devem fazer suas escolhas, mesmo que seja diferente daquela que julgamos ser a melhor, pois cada ser é único e deve buscar sua individualidade neste contexto globalizado. Não devemos ficar limitadas ao nosso contexto, mas, sim, buscar uma compreensão para as outras culturas, mesmo que nos causem estranheza alguns costumes vividos por mulheres.

Uma ótima semana!!!

Por Rosane Machado

Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal.

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