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Aquela dos 30...


É engraçado pensar em como nos apegamos a idade que temos. Como o medo da mutação do tempo nos impede de fazer tantas coisas, não é mesmo? A passagem dos anos, principalmente em nós mulheres, vem como um lembrete perverso de que temos pouco tempo pra " ser" algo. Já sentiram isso também? A cada ano que passa sinto um mix de sentimentos. Se por um lado fico feliz por completar mais um ano de vida, por outro sinto essa pressão do tic tac do relógio, faz sentido pra vocês?

Lembro que quando estava prestes a completar 15 anos eu imaginava que aquela idade seria um marco, que eu seria a dona da minha vida. Tinha um mundo de possibilidades e o ponteiro do relógio a meu favor.

E então os 20 anos vieram e uma bagagem maior veio junto, uma necessidade de ser e de mostrar que eu era algo. A chegada dos 20 anos me trouxe uma insegurança absurda e muito medo do fracasso.

E aí os 30 foram se aproximando cada vez mais rápido... Aquele fantasma dos 30 anos foi meu companheiro na última década, cada ano que passava ele estava ali, me encarando com um sorriso debochado no rosto. E agora ele finalmente chegou.

Então, seja bem-vindo meus 30 anos!

Você chegou apressando os meus processos, atropelando tudo o que eu acreditava e tinha como certo.

Você aumentou em mim a vontade de querer tudo pra ontem (ou pra hoje). Eu quero absorver tudo e todas as coisas o mais rápido possível, mas também quero pisar no freio e passear pela vida, faz sentido?

Bem-vindo meus 30 anos, você me trouxe muita vontade de viver a vida da forma mais leve possível, aumentou minha coragem de ser tudo o que eu queria, sem medo do julgamento alheio, porque afinal, sou uma mulher de 30 anos, não é mesmo (hahahaha)!

Bem-vindo meus 30 anos, você despertou em mim um lado que eu não conhecia, me trouxe leveza, risadas altas e escandalosas, uma versão melhor e menos neurótica de mim. Vamos manter isso na próxima década, ok?

Bem-vindo meus 30 anos, você me trouxe de volta depois de tanto tempo perdida em mil versões de mim, todas elas muito caóticas, todas elas com uma necessidade enorme de provar para os outros que eu era alguma coisa, quando na verdade eu só devia satisfação a mim mesma.

Bem-vindo meus 30 anos, você me mostrou que aquela minha meta mega ambiciosa de viver uma vida inteira antes da sua chegada era irreal e cruel. Eu ainda tenho tempo, não é mesmo?!

Bem-vindo meus 30 anos, você me trouxe uma pressão arterial que se eleva às vezes e que me faz pensar no tempo que ainda me resta aqui. Junto com você vieram as dores de cabeça em excesso, as crises de ansiedade e as dores nas costas, talvez para me mostrar o seu peso.

Você, meus 30 anos, me trouxe esperança de uma vida melhor, mais alegre, mais calma. Eu queria saber o que sei hoje lá atrás, para poder dizer pra menina de 20 anos que aquela correria toda não valia a pena. Mas agora eu sei e entendi seu recado.

Querido 30 anos, você devolveu a minha coragem e garra, coisas que nasceram comigo e que foram se enfraquecendo ao longo dos anos. Acho que esse era o tal ato grandioso que eu tanto procurava.

Aprendi a me refazer, graças a sua chegada!

Com a sua chegada, meus 30 anos, eu ganhei uma vontade imensa de viver. Eu morri no último ano e você me pariu de volta, como se me desse uma nova chance.

- Obrigado!


Querido 30tão, você trouxe a versão mais linda de mim mesma... Ela é tranquila, gentil, pé no chão, cara limpa, alma lavada. Eu nunca pensei que um dia seria uma versão tão desprendida e menos controladora de mim mesma... Eu te agradeço por essa sacudida tão necessária. Eu precisava!

Você, meu querido 30tão, despertou em mim uma vontade descomunal de me tornar sagrada como a mãe terra e trazer a vida, perpetuando esse ciclo lindo de amor.

Bem-vindo meus 30 anos, você me trouxe até aqui e eu só tenho a agradecer por essa jornada e por tudo o que construí. Confesso que a iminência da sua chegada ao longo dos últimos anos me deixou um pouco assustada, afinal, você é uma figura imponente. Porém, eu troquei as minhas lentes e passei a te enxergar de uma forma nova, mais afável e serena. Eu passei a pensar em você como um catalisador e não mais como um marco a ser superado.


Você me deu de presente a chance de seguir na próxima década com mais flores pelo caminho, me deu a possibilidade de seguir essa nova jornada a pé, de preferência descalça, sem pressa, com o olhar atento a tudo o que está a minha volta e com a missão de viver esse novo ciclo de mim aqui da melhor forma que eu puder.

Seja bem-vindo, querido 30 anos!

Por Amanda Alves Rodrigues


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