top of page

Abraçando as diferenças

Fonte da imagem: Folha de S. Paulo – UOL

Desde as últimas eleições presidenciais aqui nos Estados Unidos, tenho percebido uma divisão política muito forte entre a população. Aqui, os dois principais partidos (Democratas e Republicanos) têm agendas bem distintas. Democratas costumam ter ideais mais liberais e Republicanos costumam serem bastantes conservadores.

Foi durante as últimas eleições presidenciais no final do ano passado que essa divisão ficou mais distinta. Era muito difícil ver Democratas se relacionando bem com Republicanos. Os debates e conversas informais acabavam quase sempre se tornando discussões fervorosas. Famílias e amigos se distanciando e relacionamentos sendo colocados em prova por questões políticas. Inclusive hoje parece que as pessoas são divididas entres apoiadores de Trump e aqueles que o abominam.

Foi muito fácil conseguir relacionar a situação norte-americana com a brasileira. No Brasil, também vivemos em tempos em que a discussão política tem sido um dos principais tópicos em mesas de trabalho, família e bares. Dificilmente duas pessoas com posicionamentos políticos opostos vão conseguir debater sem que isso cause alguma revolta, angústia ou discussão acirrada. Há muitas similaridades entre as situações dos dois países, principalmente a sensação de revolta e impotência da população.

Entretanto, tem uma parte disso tudo que me assusta. Tenho visto em ambos países uma onda muito grande de jovens conservadores e com constantes discursos de ódio. Consigo entender pessoas nascidas em gerações passadas que tenham alguma dificuldade em compreender novos estilos de vida ou algo do qual nunca ouviram falar, mas a minha geração pensar assim? Tendo a quantidade de informação que temos hoje (em qualquer lugar, sobre o que quisermos), a nova geração deveria, na teoria, saber o quão perigoso o retrocesso e ideias conservadoras são para uma sociedade.

Tento entender de onde vêm tanto ódio por pessoas diferentes, pelo quê cada um gosta em sua vida e seu corpo. Parece que estou escrevendo sobre a geração de 1910, mas infelizmente ainda vejo muito isso em 2017. Aqui nos Estados Unidos e no Brasil também. Acho essas semelhanças muito assustadoras. Mas também me mostram como esses dois países não são tão diferentes na maneira de pensar socialmente. Ainda há muito ódio e medo do diferente, de pessoas com religiões que não se conhece, quem vêm de lugares pouco conhecidos, ou apenas que não gostam de coisas que gostamos.

Falta um pouco de compaixão e tentar compreender o que faz cada pessoa feliz. Aceitar o diferente é o que nos faz, como sociedade, mais felizes. Lugares onde as pessoas podem ser quem elas quiserem são mais alegres, desenvolvidos e mais ricos também (porque felicidade e produção andam de mãos dadas).

Gostaria de ver, em um futuro próximo, Democratas e Republicanos sendo felizes juntos e aceitando suas diferenças. Da mesma forma que torço muito para ver Petistas e PMDBistas (ou esquerdistas e direitistas), tendo conversas civilizadas e convivendo em harmonia. Torcemos!

Por Júlia

Jornalista direto de Nova York

Kommentare


bottom of page