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A selva subterrânea: A iniciação na floresta subterrânea.


O capítulo 14 do livro Mulheres que correm com lobos é gigantesco. Tentar fazer um resumo de todos os capítulos anteriores já era pretensioso, mas esse em especial é impossível.


Segundo a própria Clarissa, esse capítulo “fornece material para todo o processo de vida da mulher”. Pretensiosa ela também, mas eu acredito: ele é basicamente um resumo de todos os ensinamentos do livro em um conto só, mas eu vou me deter no ensinamento da macieira. Escolhi a macieira porque arquetipicamente, as árvores simbolizam a individuação, que significa entender-se como ser único, singular em suas particularidades.


No conto, um homem promete grande fortuna ao pai da donzela em troca do que ele possui atrás da casa. O moleiro (pai) entende que o que o homem deseja é a macieira e diz: “ora mulher, claro que podemos comprar outra árvore”. O que o homem não sabia é que na verdade, quem estava atrás da casa, junto da macieira, era sua filha, que o diabo disfarçado de homem comum estava pedindo em troca da fortuna.


O primeiro ensinamento deste conto é que, às vezes, fazemos o tal pacto com o diabo. Escolhas infelizes quando estamos vulneráveis, carentes, sem conhecimento ou inocentes demais em relação a algum assunto. Nos colocamos em situações arriscadas demais sem pensar nas consequências, ou indo além do nosso próprio limite. Algo parece muito apetitoso e rico, mas no fundo é vazio.

Querer muito alguma coisa não quer dizer que estejamos prontos pra isso. Nossa cultura e senso comum nos impõe uma frase que até pouco eu acreditava muito de que se alguém não foi atrás de determinada coisa é porque ‘não queria muito’, a tal meritocracia nos faz pensar assim também - que se nos esforçarmos muito vamos conseguir. No entanto, às vezes se quer muito, mas não se tem condições físicas, psicológicas, financeiras, emocionais para tal. Respeitar isso é amor próprio.


Entender esses limites é o próprio processo de amadurecimento psíquico representado macieira. Nas palavras da Clarissa “Se nosso conhecimento acerca dos hábitos da nossa própria alma não estiver maduro, não poderemos nos nutrir com ele, pois o conhecimento ainda não está pronto”. E ela complementa: (...) "Se pudermos adquirir raízes subterrâneas, podemos amadurecer, nutrindo a alma, o self e a psique”.


Por outro lado, se jogar nessa situação impensada vai acontecer pelo menos 1 vez na nossa vida para que possamos aprender. Para adquirir as tais raízes subterrâneas é preciso absorver os conhecimentos desse pacto ruim passando por todos os momentos que uma situação difícil nos oferece, começando por entender melhor quais são nossos limites.


Juliana Wesendonk Soeiro

CRP: 07| 26220

Contato: 51. 989264043


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