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A jovem Maisa

Li uma reportagem que aborda o constrangimento que a menina-moça Maisa passou em um programa de televisão. Desde pequena sob os holofotes, Maisa foi sempre disposta e rápida nas respostas, aprendeu cedo a defender seu ponto de vista. Infelizmente, o programa em questão foi malconduzido e ultrapassou o limite do bom senso. Seu patrão, por ser um senhor de idade avançada, tem ainda em mente que a mulher precisa ter um parceiro desde cedo e assim contrair o matrimônio para gerar filhos. Acreditem, essa foi a proposta feita para a jovem e outro convidado. Os conservadores esperam que uma menina de 15 anos, que é empregada da emissora, não desaponte seu superior, mas Maisa não é assim e se posicionou da forma que qualquer menina/moça/mulher deveria se posicionar quando tratada daquele jeito. E os conservadores? Sim, eles a julgaram agressiva e mal-educada. Pior do que esse julgamento é saber que ele também vem de muitas mulheres, inclusive uma famosa. É importante esclarecer que Maisa estava apenas defendendo seu ponto de vista sobre namorar com essa idade e já ter que assumir compromisso tão cedo com alguém desconhecido. O que tem de errado em ela ter uma opinião formada sobre esse assunto? Isso é maravilhoso!

Que bom viver numa época em que a mulher não mais precisa se submeter ao comando de alguém, muito menos se relacionar com quem não tem interesse e admiração. Sentimento era algo que não importava, a prioridade era servir, pois esse era o papel da mulher: obediência e respostas que nem sempre iriam lhe ser favoráveis; poderia estar ligado à renúncia, ao abandono, à infelicidade por não ter escolha, apenas um caminho lhe era possível. Felizmente, existem muitas Maisa por aí que sabem se colocar e defender com argumentos fortes, que mostram que não precisam alimentar brincadeiras de cunho machista, mesmo que isso ainda seja visto por muitas pessoas como falta de educação, pois rompe com estereótipos da menina cortês que deve ser atenciosa, mesmo que isso contrarie sua vontade.

Que esse episódio sirva de exemplo a muitas jovens que ainda não sabem a importância de se apropriar de sua vida e de construir sua própria história.

Por Rosane Machado

Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal.

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