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A desconstrução da mãe idealizada

Como o dia das mães está próximo, resolvi fazer uma reflexão sobre o tema. Nunca consegui chegar perto do estereótipo da mãe idealizada, exigência cultural que buscava uma mãe que se dedicava somente aos filhos, que era responsável por fazer todas as atividades domésticas, desde o cozinhar até lavar e passar roupas, sem ter uma auxiliar para essas tarefas.

Naquela época, há uns trinta e poucos anos, eu já tinha o pensamento da mulher moderna, que vai em busca de seus sonhos e luta para consegui-los e não se sente culpada por trabalhar, estudar. Felizmente, hoje a sociedade entende que precisamos também ser felizes.

Antes, era necessária uma “permissão” de toda uma cultura que entendia que ser mãe era, muitas vezes, uma obrigação que te privava da sua própria vida. Internamente, se instalava o conflito de querer ser mãe mas também uma profissional, uma mulher bem-sucedida, como se não fosse possível isso. Muitas vezes, fui à faculdade com um sentimento de culpa por estar perdendo um tempo de estar com meus filhos e não estar acompanhando a evolução de fatos importantes, como começar a caminhar ou perceber o sorriso de pequenas coisas que vão tornando-o um ser único e especial.

A mulher moderna não carrega esse fardo, entende que ficar muito tempo com os filhos pequenos, sem estar de fato presente nesse processo, mas dividida entre o que almeja e as obrigações de ser mãe, não irá estabelecer uma comunicação adequada, portanto não haverá troca, e sim frustrações de uma pessoa perdida em si mesma, que não consegue ir atrás dos seus desejos. É importante destacar que esse ser incipiente precisa de uma mãe continente, sobretudo feliz.

Sou da teoria que ficar apenas uma hora com seu filho, com qualidade, e se de fato houver entrega, você conseguirá se conectar com sua realidade e entender o que ele ainda não sabe transmitir, e assim auxiliá-lo nas várias etapas do seu desenvolvimento, desde a infância até a idade adulta, quando então suas necessidades serão outras, mesmo assim precisará do seu apoio.

Portanto, se você ainda se sente perdida nesse processo de ser mãe, saiba que não existe um manual que nos ensina, há apenas uma sensibilidade que nos orienta nessa jornada gratificante e, ao mesmo tempo, exige muito de nós. Seja apenas você que tudo irá conspirar ao seu favor.

Ótima semana!!!

Rosane Machado

Mestranda em Estudo sobre as Mulheres, Gênero e Cidadania pela UAB de Portugal.

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