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A “cura gay”

Na semana passada, um juiz federal do DF liberou tratamento para “cura gay” e disse que homossexualidade é doença, em que se pode fazer terapias para “reverter a sexualidade”, em uma ação popular que questionava a resolução do Conselho Federal de Psicologia que proibia tratamentos de reorientação sexual. Isso causou manifesto de artistas, pessoas influentes e pessoas da população geral, que ficaram indignadas com esse fato. Além do bom senso, é importante lembrar que, desde 1990, a OMS deixou de considerar homossexualidade como doença.

Fico pensando nos milhares de homossexuais que se veem aprisionados em si mesmos e sofrem toda ordem de preconceito, primeiro de familiares e depois de uma sociedade que discrimina a diferença. Esse fato deu força para que essas pessoas se achem no direito de intimidá-los, acusando-os de serem doentes e, portanto, necessitarem de tratamento, pois sempre consideraram a homossexualidade como uma ação perversa, e não como uma constituição sexual do sujeito.

A carta de Freud a uma mãe que pretendia a cura do filho da homossexualidade, em 1935, ilustra bem o que estamos vivenciando agora em pleno século XXI, ou seja, um grande retrocesso: “Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos, conseguimos desenvolver rudimentos das tendências heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível”.

Freud conclui que poderia ajudar seu filho, mas não na forma que a mãe esperava, pois ele entendia bem o sofrimento desse jovem e essa compreensão lhe dava a possibilidade de redimensionar seu desamparo, por isso o acolhia, e não o recriminava: “A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranquilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição”.

Receber pais com seus filhos na tentativa de “tirar essas ideias” do jovem é muito comum nos consultórios, visto que se encontram impactados com o fato. Apesar de a sociedade ter avançado nesse aspecto, muito ainda precisa ser construído e ensinado para que as pessoas os aceitem e os tratem com dignidade, sem franzir a testa ou fazer um olhar de espanto quando encontram casais homoafetivos de mãos dadas.

Que fique esta mensagem de Freud a tantos que não conseguem entender a homossexualidade: “Não pode ser qualificada como uma doença, e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual”.

Além disso, antes é preciso pensar que somos todos iguais, todos seres humanos, se você não concorda com algum aspecto da vida do outro, isso não lhe dá o direito de julgar, é preciso, sim, respeitar, sempre!

#RespeiteSeuSemelhante# #+AmorAoPróximo#

Ótima semana

Por Rosane Machado

Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal.

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