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A conexão humana pelo celular

Há alguns meses atrás parece que isso era o que a maioria de nós estava priorizando: qualquer momento de espera era motivo pra enfiar a cabeça na tela do celular. O olho a olho ficava pra depois. Depois de responder essa mensagem, depois de olhar esse feed, depois de jogar em um app qualquer.

A doença psíquica do momento recente era “Fear of missing out”. Fear of missing out significa “medo de estar perdendo algo”. Doença ocasionada na sua maior parte pelas redes sociais, pelo instagram. É aquela sensação de que algo muito mais interessante que está acontecendo na vida do outro e não na sua.

Um deslocamento psíquico ansiogênico, que faz as pessoas nunca estarem completamente presentes. Sempre insatisfeitas com o que esta acontecendo. No lado de lá da tela estava a vida perfeita do outro curtindo suas férias no caribe, o melhor milkshake do mundo, os melhores amigos, o melhor por do sol, o melhor cachorro…

Agora de certa forma, “acabou” o fear of missing out. Todos estamos com dificuldades imensas de lidar com as conseqüências do Corona Virus e estamos tendo que ser extremamente criativos para viver esse momento da melhor forma possível.

Alguns sozinhos, alguns com a família, alguns com o companheirx. As coisas que tanto desvalorizávamos no nosso presente, por nos iludirmor com o presente alheio, agora tem um valor imenso. Corrigindo, agora elas estão recebendo o valor que elas merecem.

Esta é uma grande oportunidade de se desligar da idéia de que algo em algum outro lugar é melhor do que o aqui e agora. A consciência de que o “aqui e agora” é tudo que nós temos é ao mesmo tempo a percepção de que ele é o que há de mais valioso.

Não é perfeito e nunca será, mas agora aquele “chato jantar de família” que você passou o tempo todo olhando na tela do celular parece a melhor coisa que podia estar acontecendo, aquele dia de domingo passeando na redenção parecia tão banal e entediante e agora era tudo de melhor que poderíamos viver.

Já que o medo atual é não conseguirmos mais viver o que tínhamos, agradecer o que temos agora é pra ontem.

Por Juliana Soeiro

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