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A capacidade de abrir mão de objetos

Inúmeras pessoas acumulam recordações de encontros e despedidas, transbordando um baú com objetos que os reportam a datas especiais e que não podem ser esquecidas. Entretanto, nem sempre vêm com associações positivas. Às vezes as mágoas dão o tom da vez, em especial quando o tempo está nebuloso, tornando-se um aliado, aprofundando o desespero do que surge na mente.

Aquele ente querido que partiu, mas mantém o olhar fixo enquanto passamos ao lado do porta-retratos, colocado estrategicamente na estante da sala como se estivesse dialogando conosco. Seu quarto permanece intocável, como se a qualquer momento fosse retornar, alimentando uma esperança que, sabemos, nunca irá se efetivar, mas que no momento é importante para permanecer ativo.

Que bom seria se pudéssemos encaixotar esses objetos um a um ao mesmo tempo em que simbolizamos uma nova despedida, agora consciente de que a renovação será uma libertação para ambos. Quem partiu conseguirá enfim seguir seu caminho, sabendo que aquele que fica está traçando novos rumos. E quem antes não conseguia conviver com a despedida, age rapidamente para poder reencontrar sentido em sua nova rotina, pois aprendeu com a dor que a renovação é um alento para a transformação.

Já perdi pessoas muito especiais que me deixaram sem alternativa, tive que seguir em frente. As recordações permanecem para sempre em nossas mentes. Um refúgio para quando precisamos rever esses entes queridos.

Ótima semana!!!

Por Rosane Machado

Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal.

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