A jovem havia trabalhado por um período de aproximadamente quatro horas enquanto as pessoas a sua volta se divertiam no carnaval. Talvez durante o trajeto de volta para sua casa, fez movimentos acompanhando o ritmo da música, o que não justifica em hipótese alguma o atrevimento de um homem, que, ao se aproximar, soltou a alça da parte de cima do seu biquíni, causando nela surpresa e raiva. Impactada com a falta de respeito, deu um soco no homem, e este partiu com toda sua fúria para cima dela. Uma reação de quem nunca tinha passado por tal situação. Os espectadores ficaram inertes, deixando o descontrole tomar conta da situação, ninguém a socorreu nem sequer a retirou com segurança para outro local. Essa jovem, felizmente, apesar da violência sofrida, está viva. Poderia ter sido seu último carnaval. Talvez fique com receio de precisar trabalhar em lugares onde as pessoas perdem a razão. Quantas jovens sofreram todo tipo de violência nestes últimos dias, pois seus parceiros-ficantes se entregaram à festa, se esquecendo que o amanhã logo irá chegar. Apenas saciavam seus desejos, deixando seus instintos primitivos os acompanharem por esses dias, muitas vezes desprezando sua companheira.
Relatos diversos serão contados, mas talvez muitos sejam julgados alegando que a jovem se expôs demais com sua roupa “inadequada”, deixando quase todo seu corpo à mostra ou cometendo excessos com bebidas. Quem sabe passou dos limites, porém ninguém pode ler no seu íntimo as emoções vividas que a conduziram a extremos. Nesses casos, deveria receber apoio e auxílio para retornar com segurança ao seu lar. Porém o que se percebe na grande maioria dos casos são abusos de toda ordem, por se encontrar fragilizada, passando, muitas vezes, por situações degradantes.
Que o saldo não tenha sido tão negativo neste carnaval. Que as pessoas valorizem sua vida e curtam o carnaval com alegria, retornando revigorados para enfrentar o dia a dia. E que os atos violentos sejam punidos, para que não se repitam.
Uma ótima semana!!
Por Rosane Machado
Mestranda em Estudo Sobre as Mulheres, Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela UAB de Portugal
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